Hasta cuando Señor !!?

Hasta cuando Señor !!?

O atrofiamento sócio-económico em que o país está imerso, requer uma análise mais profunda do que àquela a que temos lido, assistido, ouvido em alguns meios de comunicação social de carácter nacional e internacional.

Factos:

No período embrionário do pós - colonialismo, começamos a viver uma nova era.

Da complementaridade económica do império português , sucedeu-se a gestão autónoma dos recursos e dos objectivos nacionais . Como era de esperar, ocorreram importantes transformações na vida das populações e das instituições que, passaram a formar o novo Estado nacional .

Foi uma experiência que inspirou esperanças bem fundadas e prometeu liberdades essenciais, justificadas e reais nos seus resultados . Esperanças que deram uma nova vida a um povo que há muito estava reduzido ao silêncio e a sujeição.

Mas na prática, foi o início de um novo período, de imobilismo, da degradação das esperanças, portanto, de decadência. O actual cenário sócio-económico que estamos a experimentar é o produto disso mesmo.

De maneira que, afoito-me a dizer que, os nossos direitos de cidadania, antes considerados inalienáveis, são-nos confiscados quotidianamente, e, sem estes, corremos o risco de passarmos da condição de cidadãos à condição de servos(Santos,2000). Desiluda-se, quem pense que as classes políticas detentoras ou aspirantes ao poder em STP, irão nos salvar deste “lago profundo”. Pois, essas classes são tribos modernas, florescem na desordem, são terrivelmente destruidoras da sociedade civil, arrasam a moralidade, escarnecem do Estado de direito(Davidson,2000).

Porém, não nos podemos esquecer que o país, para além de ser governado endogenamente, é também governado exogenamente, isto é, é governado pelo Banco Mundial e pelo FMI. Pois, a descolonização não nos tinha conduzido a independência económica.

O estado de grande depressão económica que é, claramente indicado pelo facto do país recorrer essencialmente à importação de bens e serviços para assegurar a sua sobrevivência, e em consequência disto, apresentar um défice anual na sua balança comercial(Bonfim,2000).

Não podendo suportar as despesas com as necessidades crescentes de importação e enredado numa avultada dívida externa, como acontece com quase todos os países da periferia do sistema-mundo, o pais acabou por enveredar pelo caminho das negociações com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, entrando num quadro de empréstimos mundialmente conhecido como o Programa de Ajustamento Estrutural (Bonfim,2000). Este programa revelou-se ainda mais negativo para as populações: perda de emprego, redução ou congelamento dos salários, aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade (fruta-pão, matabala, arroz, telecomunicações, transportes, electricidade etc . Em síntese , na maior degradação das condições de vida das populações. Só a titulo de exemplo, os países da ACP(África, Caraíbas e Pacífico), pagaram em 1992 mais de 160 mil milhões de dólares de juros da dívida externa, ou seja, ultrapassaram duas vezes e meia o montante recebido de ajudas externas. Todo o dinheiro recebido voltou, directamente, para as mãos dos doadores ( Afonso at al,2005).

Portanto, a nossa hiper-dependência do exterior torna a governação endógena apesar da sua obscuridade, muito difícil. A hiper-dependência não é compatível com a estabilidade política, económica e social. A simbiose entre essas duas formas de governação deixa o país muito vulnerável.

É por essas e por outras razões que, continuo a pensar que precisamos de uma outra geração de políticos . Políticos com uma cultura de pensamento e da reflexividade, que não se mobiliza sem razões, a sua própria vida é objecto de meditação, de reflexão e de auto – análise (Santos). Precisamos de uma geração de políticos que consiga “beijar” a competência técnica com a inteligência social, com a consciência social.

Termino dizendo , hasta cuando Señor!!?

Hector Costa

Mestrando em Sociologia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Editado em 15 de Julho de 2009 - Mé-Chinhô


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